Intervenção Psicopedagógica: No que faz diferença?
O ano letivo já está chegando ao fim e junto com ele, surgem as preocupações com a não-aprendizagem escolar.
Faremos um pequeno recorte dentro da ampla questão da
aprendizagem humana, abordando aspectos que conduzem ao fracasso escolar e podem
ser detectados através do diagnóstico psicopedagógico.
A não-aprendizagem na escola é uma
das causas do fracasso escolar. Considera-se como fracasso escolar uma resposta
insuficiente do aluno a uma exigência ou demanda da escola.
A aprendizagem é um processo que só pode ocorrer quando o
ser humano estabelece relações. Ela se dá de forma integrada no aluno, no seu
pensar, sentir, falar e agir. Quando começam a aparecer “distorções” e sabe-se
que o aprendente não tem danos orgânicos, pode-se pensar que estão se instalando
dificuldades na aprendizagem. É hora de pesquisar por onde está começando a
fratura.
A função do psicopedagogo é a de diagnosticar os diferentes
aspectos: orgânicos, cognitivos, emocionais, sociais, afetivos e pedagógicos, a
fim de intervir, buscando remover as causas que levaram ao quadro do não-aprender.
Sendo assim, todo diagnóstico psicopedagógico é, em si, uma
pesquisa, uma investigação do que não vai bem com o sujeito em relação a uma
conduta ou procedimentos esperados.
A simples
procura do diagnóstico representa um grande movimento do paciente e de sua
família. Muitas vezes a escola solicita uma avaliação psicopedagógica e, embora
a família não discorde abertamente, não dá continuidade, alegando que o
terapeuta não foi achado, é caro, é longe, apresentando, assim, diferentes
formas de resistência. A atenção da família ao se preocupar em levar uma criança
a um profissional, já é para ela o indicador de que seus pais passaram a se
interessar mais por ela.
O fracasso escolar é produzido por muitas mãos, muitas das quais invisíveis e, exatamente por isso, poderosas. Para desvendá-lo, é preciso ouvir a voz de todos os envolvidos direta e indiretamente no processo de produção de dificuldade de toda sorte de aprendizagem dos conteúdos escolares.
A psicopedagogia trabalha com os movimentos entre o conhecimento, a informação e o saber que vão dar lugar ao aprender.
O campo de atuação clínica caracteriza-se como aquele que se dedica ao aprendente, em um trabalho terapêutico sobre o problema instalado, visando a reelaboração e retomada do processo de aprendizagem que apresenta dificuldade, de modo a resgatar a auto-estima, desenvolver a autonomia e devolver o prazer na atividade de aprender.
Desse trabalho faz parte um diagnóstico do sintoma da não-aprendizagem. Busca-se identificar os obstáculos ao desenvolvimento do processo de aprendizagem através de técnicas específicas, da integração de dados de outras áreas, da análise institucional e pedagógica. O tratamento é complementado com orientação do grupo familiar em relação ao processo de aprendizagem bem como a orientação junto à escola, face aos aspectos evidenciados no diagnóstico.
Porém, não é somente quando a dificuldade de aprendizagem foi instaurada que o atendimento psicopedagógico se faz necessário. Convém diferenciar a intervenção psicopedagógica terapêutica da preventiva.
Em linhas gerais, a ação terapêutica é indicada quando há a demanda de “cura”; já a ação preventiva favorece o aprofundamento nas questões envolvidas no ato de aprender e ensinar, prevenindo, dessa maneira, possíveis problemas de aprendizagem.
Toda intervenção psicopedagógica, em qualquer espaço
(consultório, escola, hospital, etc.), tem como objetivo abrir espaços onde a
autoria de pensamento seja possível; dizer onde pode surgir o sujeito aprendente
e que ele possa viver e transformar o aprender em uma experiência prazerosa,
inesquecível e duradoura.
Sandra Macedo
(11) 99941-2948